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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Líderes financeiros do mundiais

WASHINGTON (Reuters) - Os líderes financeiros mundiais tentarão amenizar as tensões cambiais que ameaçam prejudicar uma recuperação econômica que, na sua opinião, já é muito lenta e desigual.

Os ministros das Finanças do G20 marcaram um café da manhã de trabalho nas reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial realizadas neste fim de semana.

O G7, grupo menor das economias avançadas, tem um encontro a portas fechadas mais tarde nesta sexta-feira.

Nenhum dos grupos deve emitir um comunicado formal, mas autoridades do G20 disseram que as questões do mercado de câmbio serão discutidas em ambos os eventos, em meio à preocupação de que os países enfraqueçam suas moedas intencionalmente para incentivar o crescimento por meio das exportações.

A China, que costuma ser o centro do debate cambial, tem companhia desta vez. As autoridades ainda estão pressionando Pequim para deixar o iuan se valorizar mais rápido, mas a intervenção do Japão no mês passado para depreciar o iene também deixou Tóquio em destaque.

Os Estados Unidos também podem esperar críticas sobre a negligência aparentemente benigna do dólar fraco, que levou alguns investidores a caçar lucros maiores em economias emergentes como o Brasil, elevando os preços de ativos e a inflação.

"O que todos nós queremos é um reequilíbrio da economia global, e esse reequilíbrio não pode acontecer sem... uma mudança no valor relativo das moedas", disse o diretor-gerente do FMI, Dominque Strauss-Kahn, na quinta-feira.

Os problemas cambiais são sintomas de uma questão mais profunda: a maioria das economias desenvolvidas não estão crescendo o suficiente para reduzir o desemprego, apesar dos trilhões de dólares em estímulos governamentais e garantias de empréstimo de emergência.

As autoridades do FMI devem participar do café da manhã do G20, e esperam que algum progresso seja feito para resolver questões de reforma antes da cúpula de líderes do G20 em Seul, no mês que vem.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

NOVO GOVERNO E POLÍTICA FISCAL

Novo governo no Brasil deve antecipar sua política fiscal, diz Banco Mundial


O Banco Mundial (Bird) recomendou nesta quarta-feira, 6, que o presidente a ser eleito no Brasil em 31 de outubro antecipe o mais rápido possível o anúncio da política fiscal que deverá prevalecer em sua administração. Indicou ainda que seria prudente ao País impedir que o crescimento dos gastos públicos correntes supere o aumento do Produto Interno Bruto (PIB). 'Wall Street e todos os demais centros financeiros do mundo estão esperando o anúncio do novo governo sobre a política fiscal', afirmou Álvaro de La Torre, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina.

Segundo De La Torre, outra questão desafiadora para o novo governo brasileiro, no âmbito econômico, será desenvolver um mercado de crédito de longo prazo, ao mesmo tempo em que se fará necessário estender os limites de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para que a instituição possa apoiar as obras de infraestrutura planejadas. Ambas as medidas foram recomendadas por De La Torre como essenciais ao ambiente econômico observado no Brasil, onde os altos fluxos de capital estrangeiro geram uma acentuada apreciação cambial, e a política monetária mantém margens limitadas de ação, em função dos riscos inflacionários.

Nova crise

O Bird alertou que o acentuado fluxo de capitais para as economias em desenvolvimento, sobretudo da América Latina, gera risco de uma nova crise financeira em cinco anos. Torre sugeriu que o risco de formação de bolhas de ativos, em função desse alto fluxo de capitais, terá de ser mitigado por meio de medidas macroprudenciais. No caso da Argentina, cautelosamente recomendou a adoção de um programa de metas inflacionárias.

Na avaliação do Banco Mundial, manifestada no documento 'A Nova Face da América Latina', a economia mundial se vê diante de um impasse que somente poderá ser diluído por meio de coordenação multilateral. Conforme alertou, a omissão poderá dar lugar a medidas unilaterais de comércio - desde a desvalorização cambial a barreiras - e controles de capitais, cujos danos se estenderão a outras economias do globo.

No atual cenário, os países desenvolvidos se mostram ainda reféns de baixo crescimento econômico e de efeitos da crise de 2008, com taxas de juros reduzidas e inflação baixa. O mundo em desenvolvimento se vê afetado pelo aumento da inflação, resultante do consumo em expansão. Embora cresça, essa parte do globo tem de manter taxas de juros mais elevadas, que aumentam a atração de investidores a seus ativos e a inevitável apreciação de suas moedas. 'O que interessa a um país ou região não interessa a outro', afirmou.

Política de Desvalorização

Tesouro poderá comprar dólar para pagar dívida até 2014


Menos de 48 horas depois de elevar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de investidores estrangeiros em renda fixa, o governo lançou mão hoje de mais uma medida para ajudar a segurar a queda do dólar frente ao real. O Tesouro Nacional poderá comprar antecipadamente os dólares necessários ao pagamento dos vencimentos da dívida pública externa dos próximos quatro anos. A medida também alcança as empresas que têm compromissos no exterior.

Em reunião extraordinária, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu dobrar o prazo para a compra antecipada de moeda estrangeira, que subiu de 750 dias para 1.500 dias. A medida aumenta em US$ 10,7 bilhões o potencial de compras de dólares do Tesouro no mercado à vista de câmbio.

As aquisições de dólares são feitas para o Tesouro pelo Banco do Brasil, que entra comprando no mercado de câmbio como se estivesse fazendo uma operação para um investidor qualquer. Para o Ministério da Fazenda, essa atuação 'silenciosa e sem alarde', diferentemente do Banco Central (BC) que anuncia os seus leilões de dólares, garante menor previsibilidade nas intervenções que o governo faz no mercado para evitar uma grande volatilidade (sobe e desce abruptos) da taxa de câmbio.

A avaliação é de que, embora o volume potencial de compras antecipadas não seja elevado em comparação ao tamanho do mercado de câmbio brasileiro, o efeito 'surpresa' do Tesouro como um grande 'player' (jogador) ajuda a controlar uma mudança mais forte da taxa de câmbio. Apesar de executadas pelo BB, o comando para as compras de dólares é dado pelo Tesouro

Em março, também em uma reação à valorização do real, o CMN já havia subido o prazo 365 dias para 750 dias, garantindo na época uma margem adicional de US$ 11 bilhões de compras. Nos últimos meses, com a queda mais forte do dólar, o Tesouro acelerou as compras e, com isso, adquiriu todo essa margem de 750 dias. Isso fez com que a Fazenda optasse pela extensão do prazo, aumentando a margem de compra para os compromissos da dívida externa de 2012 a 2014. Segundo o secretário do Tesouro, Arno Augustin, essa ampliação dá mais 'poder' ao Tesouro para conter a excessiva valorização do real.

domingo, 3 de outubro de 2010

Concorrência Feroz no Mercado de Crédito

Brasileiros passaram a fazer empréstimo consignado em vez de usar cartão de crédito


O Brasil pode estar assistindo ao início de uma mudança estrutural no mercado de crédito. Apesar da alta do juro básico da economia (Selic) entre abril e junho, os empréstimos ao consumidor ficaram mais baratos. Enquanto a Selic saiu de 8,75% para 10,75% ao ano nesse intervalo, a taxa média cobrada das pessoas físicas caiu de 41,1% para 39,9% ao ano, menor nível desde que o Banco Central (BC) começou a fazer a pesquisa, em 1994.

Executivos de bancos e analistas atribuem o movimento aparentemente contraditório a um grupo de seis fatores, entre eles o acirramento da competição. Segundo o diretor do Departamento de Empréstimos e Financiamentos do Bradesco, Otávio de Lazari Júnior, a concorrência é muito grande.

- Há uma concorrência feroz.

O vice-presidente executivo de Varejo do Santander, José Paiva Ferreira, explicou que a concorrência não é só entre as empresas.

- É concorrido não apenas entre as instituições financeiras, mas também entre os produtos.

Quando fala de produtos, Paiva cita outra das razões que têm provocado a queda das taxas: uma alteração no chamado mix das operações de financiamento. As duas linhas de crédito com maior peso no segmento de pessoas físicas - automóveis e consignado - estão entre as mais baratas. Em agosto, por exemplo, o juro médio do crédito consignado era de 26,4% ao ano. À medida que essas linhas ganham espaço, o juro médio cai.

Há também fatores conjunturais, como a melhora dos índices de inadimplência e a ascensão social, estratégicos, como a busca dos bancos para garantir hoje bons resultados no futuro, e comportamentais, que os executivos definem como educação financeira. O diretor de crédito do Banco do Brasil,Walter Malieni Júnior, conta que a mudança não é extremamente visível.

- Há uma mudança silenciosa ocorrendo no País. A educação financeira está avançando. Clientes que antes se financiavam no cartão de crédito (linha mais cara do mercado) agora fazem empréstimo consignado.