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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

INDICADORES MACROECONÔMICOS DO G20

Na visão de analistas, reunião deve falhar em obter acordo.

A reunião de ministros das finanças do G20, nesta sexta-feira e sábado em Paris, não deverá resultar em um acordo para estabelecer indicadores comuns que permitam medir os desequilíbrios da economia mundial em razão de grandes divergências entre os países, afirmam especialistas ouvidos pela BBC Brasil.
Definir a série de indicadores que deverão quantificar as disparidades macroeconômicas mundiais é uma das prioridades da agenda deste encontro do G20, grupo das maiores economias desenvolvidas e emergentes do planeta, presidido neste ano pela França.
'Quando não há acordo sobre o diagnóstico das causas do desequilíbrio, não é possível ter sucesso em encontrar um compromisso', afirma o economista Michel Aglietta, professor de ciências econômicas da Universidade Paris-Nanterre.
'Os Estados Unidos colocam todo o problema nas costas da China, criticando a taxa de câmbio controlada e ligada ao dólar do país. A China diz que o problema é a política monetária americana, que vem colocando dinheiro demais em circulação', diz Aglietta.
Cinco indicadores de desequilíbrio econômico estariam sendo discutidos nesta reunião do G20: o saldo das contas correntes (que inclui as exportações), taxas de câmbio reais, reservas internacionais, déficit ou dívida pública e poupança privada.
A China e a Alemanha temem que o indicador das contas correntes abra espaço para críticas em relação aos seus expressivos excedentes comerciais.
Os indicadores da taxa de câmbio e das reservas internacionais também provocam resistência por parte de alguns países, principalmente da China, que possui as maiores reservas de câmbio do mundo e é acusada de manter sua moeda fraca.
Reservas
O Brasil também não veria com bons olhos eventuais restrições ao acúmulo de reservas. O governo francês gostaria de definir regras para o acúmulo de reservas internacionais, que o presidente francês, Nicolas Sarkozy diz ser 'improdutivo'.
'O tema dos indicadores de desequilíbrio econômico é muito sensível. As chances de obter um acordo são poucas. É mais fácil ser divulgado um texto para salvar as aparências. Os chineses farão tudo para que não resulte em algo com impacto', diz Christophe Destais, diretor-adjunto do Cepii, centro de estudos sobre a economia mundial e especialista em finanças internacionais.
Inicialmente, a ministra francesa da Economia, Christine Lagarde, havia dito esperar que um acordo sobre os indicadores de desequilíbrios da economia mundial já pudesse ser apresentado no sábado.
Mas devido às resistências de vários países, a ministra preferiu moderar suas ambições. Na quinta-feira, Lagarde afirmou que 'um simples acordo preliminar sobre os elementos que permitem medir os desequilíbrios já seria um grande passo'.
'Há um debate intenso sobre o tema neste momento porque alguns países não querem ser identificados como os que conduzem tal ou tal política', disse a ministra.
Polêmicas
A presidência francesa do G20 tenta pôr fim às polêmicas. Após enviar um recado ao governo brasileiro de que a França não propõe a regulação dos preços das matérias-primas, Lagarde declarou na quinta, se referindo aos grandes excedentes comerciais de alguns países, que a França 'não quer dizer a um país para parar de ser competitivo e parar de exportar'.
A definição desses indicadores permitiria, segundo o governo francês, iniciar depois o processo de correção dos desequilíbrios entre os países, o que resultaria em 'um crescimento econômico forte, equilibrado e durável'.
Para o economista Christian de Boissieux, professor da Universidade da Sorbonne, o G20, a ausência de acordo neste final de semana não representa um problema.
'Não haverá necessariamente convergência, mas é importante começar a discutir o assunto', diz ele.
O ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, que chegou na quinta-feira a Paris, se reúne na tarde desta sexta com os ministros dos demais países do chamado bloco dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China).
Após esse encontro, Mantega será recebido no final da tarde, junto com os demais ministros das finanças do G20, pelo presidente Nicolas Sarkozy, no Palácio do Eliseu.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

PREVISÕES DO PIB

Por Roberta Scrivano, Cleide Silva e Fernando Scheller, estadao.com.br, Atualizado: 16/2/2011 0:10

Consultorias reduzem previsão do PIB

Consultorias e economistas já começaram a rever para baixo as suas projeções para a economia este ano. Recuo nos dados da produção industrial, menor oferta de crédito e alta dos juros são os principais motivos apontados para a mudança. Como a inflação está alta, os economistas dizem que a elevação dos juros deve ser maior do que se previa.
A maior alteração nas previsões é da LCA Consultoria. Para Bráulio Borges, economista-chefe da LCA, o País deve fechar o ano com alta do Produto Interno Bruto (PIB) entre 3,5% e 4%. Antes, a projeção era de 4,3%. Os motivos do recuo, diz, são principalmente as medidas adotadas pelo governo para conter o crédito.
Economista da LCA, Thovan Tucakov diz que a desaceleração será intensificada pelos aumentos que devem ocorrer na taxa básica de juros (Selic) e pela política fiscal menos expansiva.
Para a Rosenberg & Associados, o PIB de 2011 deverá crescer 4,7% - antes, a projeção era de 5%. Segundo a economista-chefe Thais Marzola Zara, a desaceleração que ocorre na produção industrial desde 2010 vai afetar o crescimento do País. 'Seria necessário uma aceleração forte nos próximos meses para alcançar a projeção inicial, mas, dado o nível do câmbio e a questão da competitividade do País, isso não deve ocorrer.'
A Tendências Consultoria, que projetava alta no PIB de 4,4% para 2011, também está revendo sua expectativa. Rafael Bacciotti diz que a decisão da revisão foi tomada desde que saíram os dados da produção industrial de dezembro. 'Quando vimos que a produção recuou 0,7% em dezembro em vez de subir os 0,4% projetados pelo mercado, decidimos revisar o resultado do PIB.'
A MCM projeta um crescimento de 4,5% em 2011, mas estuda reduzir a estimativa para uma faixa entre 4% e 4,2%. Um dos motivos é a alta da inflação, que pode provocar uma elevação mais forte dos juros. 'Tenho receio das medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central. É difícil medir seu impacto', diz José Júlio Senna, da MCM.
Dos bancos que divulgam projeção para o desempenho da economia (Bradesco, Itaú e Santander), apenas o Bradesco disse que poderá revisar para baixo o número. Itaú e Santander não tinham economistas disponíveis para responder à reportagem.
Octávio de Barros, economista do Bradesco, lembra que a atual projeção do banco é 4,3%. 'Reconheço que os indicadores estão sugerindo uma desaceleração mais rápida', diz. 'Não podemos descartar uma revisão para baixo, mas esperaremos mais alguns indicadores.'
Pedro Galdi, analista-chefe da SLW, também diz que é possível perceber sinais de desaceleração na economia: o aperto do crédito, por exemplo, já se refletiu na queda da produção de veículos. Apesar disso, a SLW ainda não revisou as expectativas para o PIB em 2011, que seguem em 4,5%.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

LIMITES OBRIGATÓRIOS PARA EMISSÕES DE CO2

Estrasburgo (França), 15 fev (EFE).- O Plenário do Parlamento Europeu (PE) aprovou nesta terça-feira limites obrigatórios às emissões de dióxido de carbono (CO2) para as caminhonetes - até os 2.610 quilos de peso e 3,5 toneladas de carga - e sanções para os fabricantes que descumprirem.
As caminhonetes novas deverão emitir no máximo 175 gramas por quilômetro em 2017 e 147 gramas em 2020 e os fabricantes que não respeitem os limites terão de pagar multas de 95 euros por grama e quilômetro.
A Eurocâmara, que já havia acordado a medida de maneira informal com os países da União Europeia (UE) em dezembro, confirmou nesta terça-feira seu apoio por 534 votos a favor, 117 contra e 15 abstenções.
"É bom para o meio ambiente, para os fabricantes e os usuários de toda a UE", considerou o conferente do PE, o eurodeputado britânico Martin Callanan, quem reconheceu que a legislação "representou um difícil exercício de equilíbrio entre os objetivos ambientais ambiciosos por sua vez alcançáveis".
Os limites estipulados representam um passo atrás com relação à proposta original da Comissão Europeia, já que atrasa em um ano o objetivo de curto prazo (de 2016 para 2017) e permite emitir até 147 gramas em 2020, ao invés de 135 gramas como sugeriu o Executivo comunitário.
A comissária do Clima europeia, Connie Hedegaard, se mostrou satisfeita com o acordo e avaliou a "segurança jurídica" que a norma apresentará o setor e a margem mais amplo do que terão os fabricantes para adaptar-se à mesma.
A comissária ressaltou, em comunicado emitido após o voto no PE, "o grande economia de combustível" que esta medida representará para os usuários de caminhonetes, assim como sua contribuição à "limpeza do ar".
O rebaixamento do nível de ambição da medida atende a forte pressão de países produtores como Alemanha, França e Itália que exigiam limites mais realistas e ameaçavam elevar o preço final por veículo em até 10%.
Entre as concessões aos fabricantes, figura a possibilidade de introduzir a normativa por fases.
Concretamente, a obrigação de respeitar os limites de emissão afetará em 2015 só 75% dos veículos de cada fabricante (calculado como média do total de seu parque fabril). Essa proporção terá de ser ampliada até 80% em 2016 e para 100% em 2017.
Estão previstos incentivos às marcas mais eficientes, de modo que as que produzam menos de 22 mil veículos industriais ligeiros ao ano poderão se eximir de cumprir os limites.
Depois do voto desta terça na Eurocâmara, o único que resta para que o regulamento possa entrar em vigor o ano que vem é a aprovação oficial dos estados-membros, que espera para as próximas semanas. EFE
lmi/dm

REAÇÃO AO CORTE DAS DESPESAS DO GOVERNO

O mercado financeiro deu de ombros para o corte de R$ 50 bilhões em despesas anunciado pelo governo na semana passada e promoveu mais uma rodada de alta nas projeções de inflação. A piora das expectativas apareceu ontem na pesquisa semanal Focus, em que o BC apresenta a média das projeções dos analistas de mercado.
O pessimismo é ainda maior no grupo das cinco instituições que mais acertam projeções de inflação no médio prazo (Top 5), cujas estimativas já mostram risco de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estoure o teto de 6,5% da meta inflacionária. De acordo com a Focus, a estimativa geral do mercado para o IPCA em 2011 passou de 5,66% para 5,75%.
Foi o décimo ajuste seguido para cima. Para 2012, depois de um recuo na semana anterior, a estimativa voltou a subir, passando de 4,61% para 4,70%. No Top 5 médio prazo, a estimativa para o IPCA em 2011 subiu de 6,24% para 6,44%. Para 2012, esse grupo elevou a projeção de 5,10% para 5,18%.
'As medidas que foram anunciadas, de caráter fiscal e macroprudencial, embora estejam na direção correta, não são suficientes para compensar o impacto dos dados negativos recentes de inflação', avaliou Paulo Barcellos, diretor de economia do banco cooperativo Sicredi, uma das instituições Top 5 em projeções de inflação para o médio prazo.
Ele lembrou que na semana passada o IBGE mostrou que o IPCA de janeiro ficou em 0,83%, taxa considerada muito alta, e outros índices, como o IPC-S, mostram alta de mais de 1%.
Na visão de Barcellos, para ancorar as expectativas do mercado, o BC precisará usar mais a taxa de juros para regular a atividade econômica, adequando o ritmo da procura por bens e serviços à oferta. Ele diz que a Selic deveria subir até 12,75% (em média, o mercado trabalha com 12,25%) e ficar assim por muito tempo, inclusive ao longo de 2012, para que o IPCA caia para 4,5% em 2012. Para 2011, ele não vê a inflação voltando para o centro da meta, já que um esforço nesse sentido exigiria uma perda muito grande e desnecessária de crescimento econômico. 'A luta (para 2011) é quebrar o ciclo de piora nas expectativas.'
Maior aperto. O economista-chefe da Kondor Invest, Alexandre Soriano, diz que para a inflação convergir 'tempestivamente' em direção à meta a dosagem de aperto monetário ou fiscal precisaria ser maior. 'Em outras palavras, o PIB precisaria apresentar uma baixa taxa de crescimento por um período', avalia o economista da Kondor, que também está no Top 5.
Segundo Soriano, as medidas que estão sendo adotadas pelo governo levam algum tempo para fazer efeito na inflação. 'É muito pouco provável que o IPCA feche este ano em 4,5%. As expectativas elevadas, a inércia inflacionária, a baixa taxa de desemprego, dentre outros, apontam para inflação bastante elevada no ano.'
Apesar de incomodarem, o BC já trabalha com um cenário de expectativas inflacionárias elevadas ao longo de todo o primeiro semestre. A avaliação nos bastidores é que as projeções do mercado respondem em grande medida à inflação corrente, que é tradicionalmente mais alta no primeiro trimestre do ano e ainda está sendo impactada por choques de oferta nos alimentos e pelos reajustes nos transportes urbanos. O BC sabe que só pode atuar adequando o ritmo da demanda à oferta de bens e serviços e acredita que as medidas em curso tomadas pelo governo surtirão efeito ao longo do tempo.