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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Comentários do Delfim Neto

19/09/2012 - 03h30
Confiança

O Estado e os mercados são instituições que precisam ser coordenadas para atingir o melhor nível de eficiência possível e para que os frutos econômicos produzidos sejam distribuídos da forma mais equânime. É isso que acelera, no longo prazo, o crescimento material com a inclusão social.

É preciso, portanto, cuidadosa calibragem entre as políticas econômica e social do governo e o crescimento do setor privado. Este depende de sua capacidade e disposição de financiar seus novos investimentos com o produto de sua taxa de retorno e sua capacidade de endividar-se.

Diante dessas circunstâncias, deveria saltar aos olhos o absurdo das seguintes proposições: 1) "crescer pelo consumo", uma vez que, sem novos investimentos, a tendência daquele é diminuir, e 2) "crescer pelo investimento", uma vez que, sem consumo, ele tende a desaparecer.

No prazo médio (a cada quatro anos), quem arbitra a expectativa de quanto se vai tentar aumentar o consumo e de quanto se vai aumentar o investimento é a própria sociedade, por meio do sufrágio universal. É na urna que se explicita se a sociedade quer crescimento mais rápido e, consequentemente, inserção social menos rápida, ou vice-versa, se prefere inserção mais rápida à custa de um crescimento menos rápido.

O que os economistas podem e devem fazer, porque a economia é uma ciência "moral", é mostrar quais os resultados de uma escolha inteligente e aceitável para o crescimento econômico (aumento do PIB) e para o crescimento social (aumento da inserção), uma vez que não há elemento objetivo para uma escolha "ótima" das duas variáveis.

O que torna o processo mais harmônico (crescimento + inserção) é o estabelecimento de um ambiente de confiança entre o poder incumbente eventual e os agentes do mercado. O que se chama de "ambiente de negócios" é o nível da desconfiança mútua entre o poder incumbente e os agentes econômicos do setor privado criada pelo excesso de controle burocrático e dos agentes econômicos em relação ao poder incumbente, que não hesita em mudar as "regras do jogo" quando ele já está em andamento.

Não há dúvida de que, desde a Constituição de 1988, temos avançado na construção daquela "confiança", mas ainda estamos longe de tê-la em nível adequado. O ponto curioso é que os investidores estrangeiros parecem ter maior confiança no governo do que os nacionais.

A prova disso foi a última colocação dos títulos do Tesouro Nacional no mercado internacional com uma taxa de risco inferior a cem pontos em relação aos papéis americanos de mesmo prazo, ajudada, é verdade, pela excepcional liquidez mundial.

ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras nest

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Intervenção do BACEN


SÃO PAULO, 14 Set (Reuters) - O Banco Central decretou nesta sexta-feira a liquidação do banco Cruzeiro do Sul, depois que negociações para a venda da instituição que estava sob intervenção desde o início de junho fracassaram na véspera.
O BC também decidiu pela liquidação do banco Prosper, que teve proposta de mudança de controle para o Cruzeiro do Sul rejeitada pela autoridade monetária.
As negociações com as ações do Cruzeiro do Sul foram suspensas na Bovespa nesta sexta-feira, depois que os papéis fecharam na véspera com alta de 24,5 por cento, acumulando valorização nas últimas três sessões de 55,6 por cento.
O Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que estava cuidando do plano de recuperação do Cruzeiro do Sul após a intervenção, informou que "não obteve êxito na alienação do controle" da instituição, apesar de ter conseguido aceitação de 90 por cento dos credores a uma recompra de dívidas do banco com desconto de cerca de 50 por cento.
O plano de recuperação do Cruzeiro do Sul, que tinha patrimônio negativo em 2,237 bilhões de reais até a intervenção ocorrida em 4 de junho, previa, além da reestruturação da dívida, a venda da instituição.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

DADOS ANALÍTICOS DO CENSO DO IBGE

Censo 2010: escolaridade e rendimento aumentam e cai mortalidade infantil


O IBGE divulga os Resultados Gerais da Amostra do Censo 2010, que apresentam uma série de mudanças ocorridas no país de 2000 para 2010, com detalhamento, inclusive, por município, além de trazerem informações pesquisadas pela primeira vez. A pesquisa inclui informações sobre características de migração, nupcialidade, fecundidade, educação, trabalho e rendimento, pessoas com deficiência, domicílios e deslocamento para trabalho e estudo, e tempo de deslocamento para trabalho.
No período de dez anos, o número de óbitos de crianças menores de um ano caiu de 29,7 para 15,6 para cada mil nascidas vivas, um decréscimo de 47,6% na taxa brasileira de mortalidade infantil. Entre as regiões, a maior queda foi no Nordeste, de 44,7 para 18,5 óbitos, apesar de ainda ser a região com o maior indicador.
Por outro lado, a taxa de fecundidade no Brasil também caiu, de 2,38 filhos por mulher em 2000 para 1,90 em 2010, número abaixo do chamado nível de reposição (2,1 filhos por mulher) que garante a substituição das gerações.
Em 2010, havia 45,6 milhões de pessoas com pelo menos uma das deficiências investigadas (visual, auditiva, motora e mental), representando 23,9% da população.
O nível de instrução da população aumentou: na população de 10 anos ou mais de idade por nível de instrução, de 2000 para 2010, o percentual de pessoas sem instrução ou com o fundamental incompleto caiu de 65,1% para 50,2%; já o de pessoas com pelo menos o curso superior completo aumentou de 4,4% para 7,9%.
De 2000 para 2010, o percentual de jovens que não frequentavam escola na faixa de 7 a 14 anos de idade caiu de 5,5% para 3,1%. As maiores quedas ocorreram nas Regiões Norte (de 11,2% para 5,6%, que ainda é o maior percentual entre as regiões) e Nordeste (de 7,1% para 3,2%).
Em 2010, o rendimento médio mensal de todos os trabalhos das pessoas ocupadas com rendimento de trabalho foi de R$ 1.345, contra R$ 1.275 em 2000, um ganho real de 5,5%. Enquanto o rendimento médio real dos homens passou de R$ 1.450 para R$ 1.510, de 2000 para 2010, o das mulheres foi de R$ 982 para R$ 1.115. O ganho real foi de 13,5% para as mulheres e 4,1% para os homens. A mulher passou a ganhar 73,8% do rendimento médio de trabalho do homem; em 2000, esse percentual era 67,7%.
As pessoas que ganhavam mais de 20 salários mínimos de rendimento mensal de todos os trabalhos representaram 0,9% da população ocupada do país, em 2010, enquanto a parcela das sem rendimento foi de 6,6% e a das com remuneração até um salário mínimo, 32,7%.
No Brasil, 32,2 milhões de pessoas (52,2% do total de trabalhadores que trabalhavam fora do domicílio) levavam de seis a 30 minutos para chegar ao trabalho em 2010 e 7,0 milhões (11,4%) levavam mais de uma hora. Já no Rio de Janeiro, 2,0 milhões (38,6%) levavam entre seis minutos e meia hora, 1,6 milhão (30,7%) levava entre meia e uma hora e 1,2 milhão (23,1%) levava mais de uma hora.
No Sudeste, o deslocamento para estudar em outro município foi de 2,0 milhões (8,5%) de estudantes, a maioria em São Paulo: 1,1 milhão de pessoas (57,0% do total do Sudeste). Santa Catarina tinha o percentual mais elevado do país: de seus 1,8 milhão de estudantes, 184 mil (10,1%) se deslocavam para outro município.
Em 2010, o país recebeu 268,5 mil imigrantes internacionais, 86,7% a mais do que em 2000 (143,6 mil). Os principais países de origem dos imigrantes foram os Estados Unidos (51,9 mil) e Japão (41,4 mil). Do total de imigrantes internacionais, 174,6 mil (65,0%) eram brasileiros e estavam retornando; já em 2000, foram 87,9 mil imigrantes internacionais de retorno, 61,2% do total dos imigrantes.
A migração de retorno dentro do país, referente às pessoas que nasceram no estado em que residiam na data de referência do Censo e que moravam em outra unidade da Federação cinco anos antes, passou de 22,0% do total de migrantes (1,1 milhão de pessoas) para 24,5% dos migrantes (1,2 milhão de pessoas).
A proporção de uniões consensuais passou de 28,6% em 2000 para 36,4% em 2010 e diminuíram os casamentos do tipo civil e religioso, de 49,2% para 42,9%. No Amapá, as uniões consensuais chegaram a 63,5%.
A publicação completa dos Resultados Gerais da Amostra do Censo 2010 pode ser acessada em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/resultados_gerais_amostra/default_resultados_gerais_amostra.shtm
O IBGE também disponibilizou um aplicativo que permite construir mapas e cartogramas com informações da Amostra do Censo 2010 e detalhamento até o nível de município. O link é http://www.censo2010.ibge.gov.br/amostra
Em dez anos, mortalidade infantil caiu 47,6% no país
De 2000 para 2010, a taxa de mortalidade infantil caiu de 29,7‰ para 15,6‰, o que representou decréscimo de 47,6% na última década. Com queda de 58,6%, o Nordeste liderou o declínio das taxas de mortalidade infantil no país, passando de 44,7 para 18,5 óbitos de crianças menores de um ano por mil nascidas vivas, apesar de ainda ser a região com o maior indicador. O Sul manteve os menores indicadores em 2000 (18,9‰) e 2010 (12,6‰).
Na última década, a diminuição das desigualdades sociais e regionais contribuiu para a formação do quadro atual de baixa na mortalidade infantil e de maior convergência entre as regiões. Todavia, ainda há um longo caminho a percorrer para que o Brasil se aproxime dos níveis das regiões mais desenvolvidas do mundo, em torno de cinco óbitos de crianças menores de um ano para cada mil nascidas vidas.
Em 2010, taxa de fecundidade era de 1,90 filho por mulher
A taxa de fecundidade no Brasil apresentou queda de 20,1% na última década, passando de 2,38 filhos por mulher, em 2000, para 1,90 em 2010, número abaixo do chamado nível de reposição (2,1 filhos por mulher) que garante a substituição das gerações. O declínio ocorreu em todas as regiões, observando-se as maiores quedas no Nordeste (23,4%) e no Norte (21,8%), seguidas pelo Sul e Sudeste (cerca de 20,0%, ambas) e pelo Centro-Oeste, com a menor queda (14,5%).
As taxas de fecundidade variam bastante, inclusive dentro da mesma região. Na região Norte, o Acre teve a taxa mais alta do Brasil (2,82 filhos por mulher), enquanto Rondônia estava bem perto do nível de reposição (2,15 filhos por mulher); Maranhão e Alagoas tiveram as taxas mais altas do Nordeste (2,50 e 2,22, respectivamente). No Centro Oeste, o Distrito Federal teve uma das taxas mais baixas do país (1,74) e Mato Grosso, 2,11. Os indicadores foram baixos no Sul e no Sudeste, entre 1,67 em São Paulo e 1,85 no Paraná.
A tendência no Brasil até o ano 2000 era de aumento da concentração da fecundidade nos grupos entre 15 e 24 anos o que indicava um rejuvenescimento do padrão da fecundidade. Porém, de 2000 para 2010, os grupos de 15 a 19 anos e de 20 a 24 anos diminuíram suas participações de 18,8% para 17,7% e de 29,3% para 27,0% da fecundidade, respectivamente. Apesar desse último grupo ainda responder pela maior percentagem da fecundidade nacional, o padrão em 2010 está mais dilatado, com aumento da participação na faixa acima de 30 anos. A idade média da fecundidade passou de 26,3 anos em 2000 para 26,8 em 2010.
O comparativo regional mostra convergência entre as taxas no grupo etário a partir dos 30 anos, enquanto nos grupos mais jovens as diferenças foram mais marcantes. A Região Norte, que apresenta as maiores taxas nos grupos etários com até 29 anos, tem o padrão mais jovem, bastante concentrado na faixa de 20 e 24 anos. Por outro lado, as Regiões Sul e Sudeste apresentaram uma estrutura de fecundidade mais envelhecida, concentrada nas idades finais dentro do período fértil.
Percentual de jovens fora da escola na região Norte diminuiu, mas ainda era o maior do país
De 2000 para 2010, o percentual de jovens que não frequentavam escola na faixa de 7 a 14 anos de idade caiu de 5,5% para 3,1%. A comparação foi feita usando sete anos como limite inferior porque, em 2000, essa era a idade definida para iniciar o ensino fundamental. As maiores quedas ocorreram nas Regiões Norte (de 11,2% para 5,6%, que ainda permaneceu como o maior percentual entre as regiões) e Nordeste (de 7,1% para 3,2%).
Em 2010, 966 mil jovens de 6 a 14 anos de idade (3,3% da população nessa faixa etária) não frequentavam escola em 2010. A Região Norte tinha o maior percentual de crianças que não frequentavam escola nesse grupo (6,1%), mais que o dobro da Sudeste (2,8%) e da Sul (2,5%). Os maiores percentuais ficaram com o Amazonas (8,8%), Roraima (8,3%) e Acre (8,2%), seguidos pelo Pará (5,5%). No outro extremo, o menor percentual desse indicador foi registrado em Santa Catarina (2,2%).
Na faixa de 15 a 17 anos de idade, 16,7% não frequentavam escola em 2010, bem menos do que em 2000 (22,6%). O Sudeste manteve o menor percentual em 2000 (20,1%) e 2010 (15,0%). Os maiores percentuais em 2010 ficaram com as Regiões Norte e Sul, ambas com 18,7%. Em 2000, a Região Norte já detinha o maior percentual, 27,1%, e registrou a maior queda entre as regiões no período. O Acre tinha a maior parcela de adolescentes de 15 a 17 anos de idade fora da escola, 22,2%, seguido pelo Mato Grosso do Sul (20,5%), enquanto os menores percentuais foram os do Distrito Federal (11,6%) e Rio de Janeiro (13,1%).
A rede pública de ensino atendia a 78,1% das pessoas que frequentavam escola ou creche no país em 2010. Este percentual foi mais elevado na Região Norte (86,0%), bem maior do que o segundo lugar, da Nordeste (80,5%). Em seguida, vieram Centro-Oeste (74,9%), Sudeste (75,1%) e Sul (77,7%). Entre as unidades da Federação, o percentual variou de 61,4% no Distrito Federal a 90,3%, no Acre.
Percentual de pessoas com curso superior completo subiu de 4,4% para 7,9%
Na análise da população de 10 anos ou mais por nível de instrução, de 2000 para 2010, o percentual de pessoas sem instrução ou com o fundamental incompleto caiu de 65,1% para 50,2%, enquanto o de pessoas com pelo menos o curso superior completo aumentou de 4,4% para 7,9%. Houve avanços em todas as grandes regiões. No Sudeste, o percentual de pessoas sem instrução ou com o fundamental incompleto caiu de 58,5% para 44,8%, e o das pessoas com pelo menos o superior completo subiu de 6,0% para 10,0%. No outro extremo, estavam a Região Norte (de 72,6% para 56,5% e de 1,9% para 4,7%, respectivamente) e a Nordeste (de 75,9% para 59,1% e de 2,3% para 4,7%).
O Distrito Federal deteve o mais alto nível de instrução em 2010, com o menor percentual de pessoas sem instrução ou com o fundamental incompleto (34,9%) e o maior de pessoas com pelo menos o superior completo (17,6%). Em seguida, vieram São Paulo, com 41,9% e 11,7%, e Rio de Janeiro, com 41,5% e 10,9%, respectivamente.
Mulheres tiveram ganho real de 13,5% no rendimento de trabalho e homens, de 4,1%
Em 2010, o rendimento médio real de todos os trabalhos das pessoas ocupadas com rendimento de trabalho foi de R$ 1.345, contra R$ 1.275 em 2000. Enquanto o rendimento médio real de trabalho dos homens passou de R$ 1.450 para R$ 1.510, 2000 para 2010, o das mulheres foi de R$ 982 para R$ 1.115. Em termos de ganho real, a diferença foi de 5,5% para ambos os sexos, 13,5% para as mulheres e 4,1% para os homens. A mulher passou a ganhar 73,8% do rendimento médio de trabalho do homem; em 2000, esse percentual era 67,7%.
A Região Sul manteve os menores percentuais do rendimento médio de trabalho das mulheres em relação ao dos homens, passando de 63,2% para 69,0%. No outro extremo ficou a Região Norte, onde o rendimento médio de trabalho da mulher passou de 74,6% para 82,3% do recebido pelo homem. Entre os estados, em 2010, o Amapá deteve o maior percentual do rendimento médio de trabalho das mulheres em relação ao dos homens (88,6%) e Santa Catarina ficou com o menor, com as mulheres ganhando 67,4% do rendimento médio de trabalho dos homens.
A parcela sem rendimento ou com rendimento nominal mensal domiciliar per capita até ¼ do salário mínimo abarcava 19,6% dos domicílios particulares permanentes do país em 2010. Destacaram-se o Norte (28,5%) e Nordeste (28,6%), bem distantes das demais regiões, que se situaram de 12,5% a 17,4%. Na faixa de mais de cinco salários mínimos de rendimento mensal domiciliar per capita encontravam-se 6,5% dos domicílios. Este indicador alcançou 8,3% nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste e 7,1% na Região Sul, bem acima dos percentuais encontrados para as regiões Norte (3,6%) e Nordeste (3,2%).
Em termos de ganho real no rendimento mensal domiciliar dos domicílios particulares permanentes, de 2000 para 2010, no país, houve elevação de 15,5% (de R$ 2.297 para R$ 2.653), com aumentos registrados em todas as regiões, sendo que o menor foi o da Sudeste (11,0%, de R$ 2.812 para R$ 3.122) e, nas demais, variou de 21,5% a 25,5%. Mesmo mantendo o menor rendimento mensal domiciliar em ambos os anos, o Nordeste teve o maior ganho real (25,5%, de R$ 1.361 para R$ 1.708).
32,7% da população recebiam até um salário mínimo de rendimento de trabalho
Na análise por classes de rendimento, as pessoas que ganhavam mais de 20 salários mínimos de rendimento mensal de todos os trabalhos representaram 0,9% da população ocupada do país em 2010, enquanto a parcela das sem rendimento foi de 6,6% e a das com remuneração até um salário mínimo, 32,7%. As pessoas que ganhavam mais de 10 salários mínimos de remuneração mensal de trabalho abrangiam 3,1% da população ocupada.
As Regiões Norte e Nordeste apresentaram os maiores percentuais de pessoas ocupadas sem rendimento de trabalho (11,9% e 13,6%, respectivamente) e também de pessoas ganhando até um salário mínimo de remuneração mensal de trabalho (41,6% e 51,2%, respectivamente), valores bem diferentes dos das outras regiões, que variaram de 23,4% a 28,9%.
Em 2010, os rendimentos médios mensais de trabalho mais elevados foram os das Regiões Centro-Oeste (R$ 1.579) e Sudeste (R$ 1.512) e o mais baixo, do Nordeste (R$ 946), que representou 83,9% do da Norte (R$ 1.128) e perto de 60,0% do auferido na Centro-Oeste. O rendimento médio mensal de trabalho teve incremento real, de 2000 para 2010, em todas as grandes regiões, exceto na Sudeste, que apresentou pequena retração (0,7%). Esta redução decorreu da influência da pequena queda no rendimento médio real de trabalho da parcela masculina (1,7%), uma vez que o da feminina teve aumento (6,5%), ainda que bem menor do que os das outras grandes regiões.
Região Sul manteve o maior nível de ocupação em 2000 (53,5%) e 2010 (60,1%)
De 2000 para 2010, o nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas, na semana de referência, na população de 10 anos ou mais de idade) no país subiu de 47,9% para 53,3%. De 2000 para 2010, o nível da ocupação da Região Sul cresceu de 53,5% para 60,1%, mantendo-se como o mais elevado, enquanto que o da Nordeste permaneceu o mais baixo, mesmo aumentando de 43,6% para 47,2%. O nível da ocupação da região Norte passou de 45,3% para 49,4%, de 2000 para 2010, continuando mais próximo do resultado do Nordeste do que daqueles das Regiões Sudeste (54,8%) e Centro-Oeste (57,9%) em 2010. O nível da ocupação de Santa Catarina (63,1%) se destacou como o mais elevado, seguido pelo Rio Grande do Sul (59,3%), Paraná (59,2%) e Distrito Federal (59,0%). Os mais baixos níveis da ocupação foram os de Alagoas (44,0%) e do Maranhão (44,9%).
Quatro seções de atividade econômica concentravam 50,3% da população ocupada no país
A análise da distribuição da população ocupada por atividade econômica em 2010 mostrou que 50,3% se concentravam em quatro das 21 seções de atividade. A seção de comércio de mercadorias, reparação de veículos automotores e motocicletas concentrava 17,0% das pessoas ocupadas; agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, 14,2%; indústria de transformação, 11,8%; e construção, 7,3%. Outras três seções tiveram participação de mais de 5% da população ocupada: serviços domésticos (6,9%), educação (5,6%) e administração pública, defesa e seguridade social (5,4%).
A estrutura da atividade econômica apresenta marcantes distinções regionais que se refletem na distribuição da população ocupada. O percentual de pessoas na seção da agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura na população ocupada da região Nordeste (24,2%) ficou próximo ao da Norte (23,0%), ambos bem acima dos percentuais registrados nas demais regiões. Já na indústria de transformação, a Região Sul se destacou, com 16,4%.
Pessoas com carteira de trabalho assinada eram 63,9% dos empregados
No país, o percentual de empregados na população ocupada cresceu de 66,6% para 70,8% de 2000 para 2010. A segunda maior parcela da população ocupada, formada pelos trabalhadores por conta própria, passou de 23,5% para 21,5%. A categoria com carteira de trabalho assinada aumentou sua participação no contingente nacional de empregados de 54,8% para 63,9%, enquanto a dos militares e funcionários públicos estatutários passou de 8,5% para 7,6%. O percentual de pessoas que trabalhavam habitualmente de 40 a 44 horas semanais no trabalho principal subiu de 34,0%, em 2000, para 46,0%, em 2010.
No Brasil, 11,4% dos trabalhadores levavam mais de uma hora para chegar ao trabalho; no Rio de Janeiro, eram 23,1%
A análise do tempo de deslocamento entre a residência e o trabalho revelou que, no Brasil, 32,2 milhões de pessoas (52,2% do total de trabalhadores que trabalhavam fora do domicílio) levavam de seis a 30 minutos para chegar ao trabalho em 2010 e 7,0 milhões (11,4%) levavam mais de uma hora. Já no estado do Rio de Janeiro, 2,0 milhões (38,6%) levavam entre seis minutos e meia hora, 1,6 milhão (30,7%) levava entre meia e uma hora e 1,2 milhão (23,1%) levava mais de uma hora.
No Brasil, do total de 86 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas em 2010, 87,1% trabalhavam no próprio município de residência, sendo que 20 milhões (26,6%) trabalhavam no próprio domicílio e 55 milhões, fora dele. Já os que trabalhavam em outro município atingiram 11,8% da população ocupada (10,1 milhões). O deslocamento para o trabalho em outro município em São Paulo envolvia três milhões de ocupados (29,6% daqueles que se deslocavam para outro município). No Rio de Janeiro, 1,2 milhão (12,0 %) faziam esse tipo de deslocamento.
8,3% dos estudantes frequentavam creche ou escola em outro município
Das 59,6 milhões de pessoas que frequentavam escola ou creche em 2010, 55,2 milhões (92,7%) estudavam no próprio município de residência. No Sudeste, o deslocamento para estudar foi de 2,0 milhões (8,5%) de estudantes, a maioria em São Paulo: 1,1 milhão de pessoas (57,0% do total do Sudeste) se deslocavam para outro município para estudar. Em termos proporcionais, Santa Catarina mostrou o percentual mais elevado do país: de um total de 1,8 milhão de estudantes, 184 mil (10,1%) se deslocavam.
174,6 mil brasileiros retornaram ao país entre 2005 e 2010
O Censo 2010 registrou um grande aumento no movimento de entrada no país em relação a 2000. Foram 286,5 mil imigrantes internacionais pelo critério de data-fixa, ou seja, indivíduos que residiam no Brasil na data de referência do Censo, mas que moravam em um país estrangeiro cinco anos antes. Esse número foi 86,7% maior do que em 2000 (143,6 mil). Os principais estados de destino desses imigrantes foram São Paulo, Paraná e Minas Gerais que, juntos, receberam mais da metade dos imigrantes internacionais do período.
Do total de imigrantes internacionais, 174,6 mil (65,0%) nasceram no Brasil, portanto eram imigrantes internacionais de retorno. Em 2000, foram 87,9 mil imigrantes internacionais de retorno, 61,2% dos imigrantes do período.
Os principais países de origem dos imigrantes foram os Estados Unidos (51,9 mil imigrantes), Japão (41,4 mil), Paraguai (24,7 mil), Portugal (21,4 mil) e Bolívia (15,8 mil). Em 2000, os principais países de origem eram o Paraguai (35,5 mil), Japão (19,7 mil), Estados Unidos (16,7 mil), Argentina (7,8 mil) e Bolívia (6,0 mil).
Santa Catarina teve o maior crescimento de imigrantes do país de 2000 para 2010
O Censo 2010 detectou uma redução na migração interna da população. Entre 1995 e 2000, havia 30,6 migrantes para cada mil habitantes, enquanto que de 2005 a 2010, eram 26,3 migrantes para cada mil habitantes.
O aumento do número de imigrantes em Santa Catarina, que foi de 59,1% entre os dois períodos, resultou em um saldo migratório (balanço entre entradas e saídas de pessoas) entre 2005/2010 de 174,1 mil pessoas, quase o triplo do saldo contabilizado em 1995/2000, que foi de 59,9 mil pessoas.
Os estados da Região Nordeste continuam a perder população, a exceção dos estados do Rio Grande do Norte e Sergipe, que apresentaram saldo migratório positivo.
Percentual de migrantes de retorno foi maior entre os estados do Nordeste
Em 2000, os migrantes de retorno representavam 22,0% do total de migrantes (1,1 milhão de pessoas) do Brasil. Em 2010, esse percentual subiu para 24,5% dos migrantes (1,23 milhão de pessoas).
A “migração de retorno”, referente às pessoas que nasceram no mesmo estado em que residiam na data de referência do Censo, mas que moravam em outra unidade da Federação cinco anos antes representou mais de 40,0% entre os estados da Região Nordeste, com exceção do Rio Grande do Norte e Sergipe.
O maior percentual de imigrantes de retorno do país, de 46,6%, foi encontrado no estado do Ceará e o segundo maior, 44,2%, no Rio Grande do Sul.
Uniões consensuais aumentaram de 28,6% para 36,4%
Segundo o Censo 2010, a proporção de pessoas divorciadas passou de 1,8% em 2000 para 3,1% em 2010, liderada por Mato Grosso, Rio de Janeiro e Distrito Federal (4,1%, 4,1% e 4,3%, respectivamente), enquanto o Maranhão teve o menor indicador (1,2%). A proporção de dissoluções das uniões conjugais passou de 11,9% para 14,6%, enquanto aumentaram as uniões consensuais (casais vivendo juntos sem casamento civil ou religioso, mas podendo ter contrato de união estável registrado em cartório), de 28,6% em 2000 para 36,4% em 2010. Já os casamentos do tipo civil e religioso diminuíram de 49,2% para 42,9%. A união consensual teve crescimento mais significativo no Norte e Nordeste, com destaque para o Amapá, cuja proporção chega a 63,5. Houve também redução no número de pessoas que declararam nunca ter vivido em união de qualquer tipo (35,4%, em 2010, contra 38,6%, em 2000).
23,9% da população tinha pelo menos um dos tipos de deficiência investigados
Em 2010, havia 45,6 milhões de pessoas com pelo menos uma das deficiências investigadas (visual, auditiva, motora e mental), representando 23,9% da população. A diferença em relação aos dados do Censo 2000 (14,3% da população) se deve a um aprimoramento metodológico, que possibilitou uma melhor captação da informação.
O maior percentual foi encontrado na Região Nordeste (26,6%), enquanto que a Sul e a Centro-Oeste mostraram as menores proporções (22,5%). Rio Grande do Norte (27,8%), Paraíba (27,8%) e Ceará (27,7%) apresentaram os maiores percentuais. Já Roraima (21,2%), Santa Catarina (21,3%) e Mato Grosso do Sul (21,5%) tiveram as menores incidências.
A deficiência visual foi a mais frequente, atingindo 35,8 milhões de pessoas com dificuldade para enxergar (18,8%), mesmo de óculos ou lentes de contato. A deficiência visual severa (pessoas que declararam ter grande dificuldade de enxergar ou que não conseguiam de modo algum) atingia 6,6 milhões de pessoas, sendo que 506,3 mil eram cegos (0,3%).
A dificuldade de locomoção incidia sobre 13,3 milhões de pessoas (7,0%). A deficiência motora severa (pessoas com grande dificuldade ou incapazes de se locomover) foi declarada por 4,4 milhões de pessoas, das quais 734,4 mil não conseguiam caminhar ou subir escadas de modo algum (0,4%). Já a deficiência auditiva acometia 9,7 milhões de pessoas (5,1%), sendo que a deficiência auditiva severa (pessoas com grande dificuldade ou incapazes de ouvir) foi declarada por 2,1 milhões de pessoas, das quais 344,2 mil eram surdas (0,2%). A deficiência mental ou intelectual, também considerada severa, foi declarada por 2,6 milhões de pessoas, representando 1,4% da população.
Percentual de domicílios com microcomputador no Sudeste (48,0%) era mais que o dobro do Norte (22,7%) e Nordeste (21,2%)
Segundo o Censo 2010, os micromputadores faziam parte dos bens de 38,3% dos domicílios, sendo 30,7% com acesso à internet, proporções com mais que o dobro de diferença entre o Sudeste (48,0% e 39,6%, respectivamente) e as regiões Norte (22,7% e 15,4%) e Nordeste (21,2% e 16,8%).
Enquanto, em 2000, havia, no Brasil, 39,7% de domicílios com linha telefônica instalada, em 2010, eram 87,9% com telefone fixo, ou celular, ou ambos. Os domicílios só com telefone fixo eram apenas 4,7% do total. No Sul do país, os domicílios com linha telefônica chegam a 93,5%, enquanto o menor percentual foi no Nordeste (77,3%).
Também ocorre grande variação regional no percentual de domicílios com máquina de lavar roupa, de 65,5% no Sul a 19,0% no Nordeste. A pesquisa traz mais um dado novo: a presença de motocicleta para uso particular, que chega a 19,5% dos domicílios no país, sendo o maior percentual regional no Centro-Oeste (26,8%).
Comunicação Social
27 de abril de 2012

sexta-feira, 20 de abril de 2012

OS EMERGENTES DEVEM SOCORRER O FMI


As principais potências emergentes estão prontas para comprometer-se nesta sexta-feira em dar dinheiro para impulsionar o poder de fogo do Fundo Monetário Internacional (FMI) contra a crise, embora o Brasil busque garantias de aumento de seu poder de voto na instituição.
A Rússia afirmou que o G20 -grupo formado pelas principais economias do mundo- e países emergentes estão prontos para dedicar em uma reunião nesta sexta-feira novos recursos suficientes para atender ao pedido da diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, de pelos menos US$400 bilhões, para se encerrar a crise de dívida da zona do euro. A própria Rússia oferecerá US$10 bilhões.
"Confie em mim que o G20 anunciará a quantia final. Será uma quantia que vai satisfazer a gerência do Fundo Monetário Internacional", disse Sergei Storchak, vice-ministro das Finanças russo.
O apoio de Rússia, China e Brasil é crucial para o valor pretendido pelo FMI. Europa e Japão já prometeram US$320 bilhões. Um diplomata internacional afirmou que, no total, países emergentes dispuseram pelo menos US$100 bilhões.
O FMI vem alertando que a crise da dívida da zona do euro apresenta o risco mais grave à expansão da economia global, e mercados financeiros mostram preocupação que Espanha e Itália podem ser os próximos a procurar resgates, na linha do que fizeram Grécia, Irlanda e Portugal.
Mas o Brasil afirmou que, como condição para fornecer fundos, as potências emergentes querem novas garantias de que haverá reconhecimento por escrito no comunicado do G20 do peso que suas crescentes economias têm no âmbito global. Elas estão frustradas com atrasos -particularmente dos Estados Unidos- na implementação de um acordo para reduzir a influência da Europa no FMI e levantar a China para o posto número 3 de votação.
"O que queremos e exigimos em todas as reuniões é que esse compromisso seja reafirmado", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, após reunião na quinta-feira de autoridades dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Mantega vai tratar do assunto de maneira mais contundente ainda em um discurso preparado para o sábado em uma comissão do FMI, afirmando que não é mais suficiente a simples repetição de que reformas no sistema de votação são cruciais para a efetividade do FMI.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Previsões do BC e do Mercado


SÃO PAULO, 2 Abr (Reuters) - O mercado financeiro reduziu suas previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e no próximo, mostrou o relatório Focus do Banco Central, nesta segunda-feira. O mercado estima que a economia vai crescer 3,20 por cento neste ano e 4,20 por cento no próximo, ante 3,23 por cento e 4,29 por cento, respectivamente, no relatório da semana passada.
A previsão para o corte da taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em 17 e 18 de abril manteve-se em 0,75 ponto percentual, para 9,00 por cento ao ano em 2012.
As projeções para a inflação pouco mudaram em relação ao relatório anterior. A previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano recuou para 5,27 por cento, ante 5,28 por cento no relatório da semana passada. A meta oficial de inflação é de 4,5 por cento, com margem de tolerância de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Para 2013, a estimativa do mercado mantém-se em 5,50 por cento. Para o IPCA em 12 meses, as projeções do relatório Focus apontam alta de 5,40 por cento, ante 5,41 por cento na semana passada.
Em seu Relatório Trimestral de Inflação, divulgado na última quinta-feira, o Banco Central prevê que a inflação ficará em 4,4 por cento neste ano e em 5,2 por cento no ano que vem. No relatório anterior, de dezembro passado, as estimativas tanto para este quanto para o ano que vem estavam em 4,7 por cento.
A divergência entre as duas projeções do BC para a inflação reforçou a visão de analistas do mercado financeiro de que a autoridade monetária será obrigada a elevar em 2013 a taxa básica de juros para conter pressões de preços.
Os analistas preveem que a Selic terminará 2012 em 9,00 por cento e voltará a subir 0,25 ponto percentual em março, abril, maio e junho de 2013, quando retornará ao patamar de dois dígitos para encerrar o próximo ano em 10 por cento.
A taxa de câmbio prevista no relatório Focus para o fim de 2012 é de 1,77 real por dólar, ante 1,76 real por dólar na semana passada. Na sexta-feira, o dólar fechou a 1,8262 real para venda, em queda de 0,05 por cento.
ESTÍMULOS
No Relatório Trimestral de Inflação, o BC reconheceu que o Brasil está crescendo abaixo do seu potencial. O cenário central projetado pela autoridade monetária "contempla ritmo moderado da atividade econômica doméstica no curto prazo, com tendência de aceleração ao longo deste ano". No ano passado, o PIB cresceu 2,7 por cento, muito aquém dos 7,50 por cento vistos em 2010.
O governo tem prometido estimular a atividade econômica, a fim de obter uma expansão na casa dos 4 por cento neste ano. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deve anunciar nesta terça-feira mais um pacote de medidas para beneficiar o setor industrial, cujo desempenho frustrante vem freando o crescimento da economia.

terça-feira, 3 de abril de 2012

PACOTES DE MEDIDAS PARA A INDÚSTRIA


Oito meses após o lançamento da política industrial e de comércio exterior da presidente Dilma Rousseff, o governo anuncia hoje mais um pacote de medidas para estimular a indústria brasileira que passa por uma crise de competitividade em função da forte concorrência internacional e da taxa de câmbio valorizada.
As ações estão focadas no barateamento dos empréstimos, sobretudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e na redução pontual de tributos a setores mais atingidos pela crise. Desde o lançamento do último pacote em agosto de 2011, batizado de Plano Brasil Maior, a situação da indústria só piorou. E agora a ameaça da desindustrialização já é realidade em alguns setores.
Esse cenário forçou o governo a reagir rapidamente, para não deixar o crescimento da economia ser mais afetado. Porém, as medidas foram preparadas usando o mesmo remédio adotado no auge da crise de 2009 e no lançamento do Brasil Maior, que não deslanchou. A desoneração tributária de setores da indústria mais afetados pelos câmbio valorizado e a redução do custo dos financiamentos para estimular o crédito dão o tom das ações.
A data escolhida para anunciar as medidas é simbólica. Hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o resultado da produção industrial em fevereiro. As projeções mostram que o desempenho do setor continua fraco.
Toque de caixa. O senso de urgência levou o governo a fechar as medidas a toque de caixa. Até o início da noite de ontem, os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, ainda fechavam com a presidente Dilma as medidas que seriam incluídas no pacote. Durante todo o dia, representantes do setor automotivo tiveram reuniões com integrantes da equipe econômica para entender o novo regime do setor. Uma fonte deixou o último encontro com a informação de que a medida estaria no pacote.
Do lado do crédito, o governo promete um 'choque' no custo dos empréstimos para novos investimentos e capital de giro, graças ao subsídio do Tesouro. Algumas taxas do BNDES ficarão mais baratas do que no auge da crise global, até mesmo com juros negativos (abaixo da inflação do período). Segundo antecipou o Estado, o Tesouro terá custo de R$ 6,4 bilhões ao permitir que o BNDES eleve em R$ 18 bilhões os recursos que serão emprestados a juros subsidiados.
A presidente Dilma também anunciará a desoneração da folha de pagamento para setores da indústria afetados pelo câmbio. Em troca, pagarão uma contribuição sobre o faturamento bruto. A medida desonera as exportações, já que uma lei retirou do cálculo do faturamento as receitas com vendas externas. Para onerar as importações dos mesmos setores, o governo também deve elevar a Cofins, seguindo o mesmo modelo do projeto-piloto adotado no Brasil Maior para três setores.
O governo também quer deslanchar os investimentos anunciados pelo setor automotivo que não foram iniciados. Por isso, a expectativa é que, entre as medidas a serem anunciadas, estejam as regras de estímulo para a instalação de novas empresas no Brasil e para aquelas já instaladas que queiram ampliar ou abrir novas unidades no País.
Também se espera, como antecipou Pimentel, que sejam divulgadas as regras de redução do IPI para as montadoras já instaladas no Brasil, de acordo com o nível de conteúdo local e investimento em inovação.
O pacote vai incluir também a desoneração dos investimentos em redes de comunicação. A desoneração será de R$ 6 bilhões nos próximos cinco anos e o governo exigirá contrapartida das empresas beneficiadas. Para ter direito à desoneração, as empresas terão de construir redes em áreas menos desenvolvidas.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Notícias da Crise na Europa


Líderes da zona do euro informam plano de convocar quarta-feira para decidir se quer dar à Grécia o resgate. Grécia ainda tem de chegar a um adicional de US $ 432 milhões em cortes de gastos por esse prazo.
Votação de segunda-feira foi a última batalha em uma batalha com mais de dois anos, a Grécia tem lutado com a dívida incapacitante e a dor social , enquanto a Europa foi dividida entre o medo das consequências do padrão grego e raiva que os líderes de lá muitas vezes não fazer jus às suas promessas.
"Há muito poucos tais momentos na história de uma nação", disse o ministro grego das Finanças Evangelos Venizelos, abordando Parlamento antes da votação. "Nosso país tem um problema agudo de sobrevivência."
As novas exigências levaram a algumas das piores lutas, tanto fisicamente e politicamente, da crise. Antes da votação, o menor membro da coalizão de três partidos que governou a Grécia desde novembro anunciou que não iria apoiar as medidas de austeridade, e seis ministros renunciaram do gabinete. Os líderes dos dois restantes partidos da coalizão, o direitista Partido da Nova Democracia eo PASOK socialista, ameaçou seus membros com a expulsão se não votar para aprovar os cortes.
Sem um resgate - o segundo em dois anos - a Grécia não será capaz de fazer um pagamento de dívida de US $ 19 bilhões em 20 de março
Um calote grego poderia também ter consequências duras para o sistema financeiro mundial, levando potencialmente a um congelamento de crédito que poderia jogar outros países fora da zona do Euro.
"O grande dia está cada vez mais perdendo o seu horror", Philipp Roesler, ministro da economia alemão e vice-reitor, disse à televisão ARD, no domingo, referindo-se a possibilidade de que a Grécia poderia sair da zona do euro.