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segunda-feira, 14 de março de 2011

Demanda do consumidor por crédito cai 1,2% de janeiro para fevereiro

 Agência Brasil

Publicação: 11/03/2011 14:14 Atualização:

São Paulo – A quantidade de pessoas em busca de crédito caiu 1,2% em fevereiro, em relação a janeiro segundo o Indicador Serasa de Demanda do Consumidor por Crédito. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a demanda aumentou 19,9%. No acumulado dos dois primeiros meses do ano, a procura por crédito cresceu 16,3% em relação ao mesmo período de 2010.

A queda da demanda por crédito concentrou-se nos consumidores com rendimento mensal entre R$ 500,00 e R$ 1.000 (-2,0%) e entre os que ganham de R$ 5.000 a R$ 10.000 (-0,6%). No caso dos consumidores com ganhos mensais até R$ 500, a demanda aumentou 0,8%. Entre aqueles com rendimento acima de R$ 10.000, a alta foi de 9,3%.

Os dados mostram ainda que a única região do Brasil em que a demanda cresceu foi a Norte, com 0,4%. O Sul apresentou queda de 1,9%, o Sudeste, de 1,2%, e Nordeste e o Centro-Oeste, de 0,8%.

De acordo com a Serasa, a demanda de crédito por parte dos consumidores está em trajetória de desaceleração, por conta das medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central em dezembro do ano passado e pela elevação das taxas de juros.

MEDIDAS DE AUSTERIDADE EM PORTUGAL

 Centenas de milhares de portugueses protestaram ontem em Lisboa e outras 10 cidades do país contra as novas medidas de austeridade anunciadas pelo governo no dia anterior. Na capital portuguesa, cerca de 200 mil manifestantes carregaram faixas com slogans pedindo uma mudança de política para reverter o aumento do desemprego, as precárias condições de trabalho para os jovens e a queda nos padrões de vida.

“O anúncio de mais austeridade ontem foi uma completa falta de vergonha. Essa manifestação é o começo de uma onda de protestos”, disse Joana Manuel, 34 anos, uma professora universitária que deve perder o emprego no final do ano.

Na sexta-feria, o governo anunciou uma série de cortes nos gastos e alterações nos impostos, com o objetivo de reduzir o deficit orçamentário para 4,6% em 2011. As medidas se destinam a convencer os mercados de que Portugal pode resolver seus problemas financeiros sem recorrer à ajuda internacional, como fizeram Grécia e Irlanda.

As manifestações de ontem foram organizadas por um grupo de usuários da Internet que se autodenomina Geração Precária, principalmente, por meio das redes sociais. No blog da organização, eles dizem que não têm ligações com qualquer partido político. A polícia se recusou a fornecer estimativas sobre o número de manifestantes, mas os organizadores e a mídia local afirmam que ao menos 200 mil pessoas foram às ruas em Lisboa, cerca de 80 mil no Porto e milhares em outras cidades do país.

Espanha
O governo socialista espanhol, por sua vez, planeja mais medidas para assegurar o cumprimento das metas da União Europeia de redução do deficit e impulsionar a competitividade do país. “É provável que haverá novas iniciativas de sustentação fiscal”, disse o primeiro-ministro José Luiz Rodriguez Zapatero, em programa nacional de rádio.

Segundo Zapatero, as medidas propostas pela Espanha serão esclarecidas durante o encontro do Conselho Europeu, em 24 e 25 de março. O país luta para impulsionar o crescimento enquanto tenta convencer os mercados de que tem solvência financeira. A agência de classificação de risco Moody’s reduziu o rating (nota) da Espanha em um grau, para Aa2 na quinta-feira, estimando em alto o custo de reestruturação dos bancos regionais, as Cajas, mais expostos à crise. A Espanha quer cortar seu deficit público de cerca de 9% do Produto Interno Bruto (PIB) para 6% e chegar à meta europeia de 3% em 2013.

ESFRIAMENTO DA ECONOMIA E NEGOCIAÇÕES SALARIAIS

Esfriamento da economia deve dificultar as negociações salariais em 2011 Ao contrário de 2010, reajustes acima da inflação tendem a diminuir


As negociações salariais entre patrões e empregados não serão nada fáceis neste ano. Se, em 2010, mais de 90% dos acordos resultaram em reajustes iguais ou acima da inflação, em 2011, os sindicatos terão de travar uma verdadeira queda de braço se quiserem assegurar ganhos semelhantes às suas bases. De um lado, os empresários alegam que, como a atividade econômica está em desaceleração, não podem oferecer aumentos reais. De outro, os trabalhadores reclamam que a alta dos preços está corroendo o poder de compra, sobretudo de quem ganha menos.

O coordenador de Relações Sindicais do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre Prado, explica que, mais do que em outras épocas, o empresariado tende a endurecer o jogo. “Todo o pano de fundo é o crescimento da economia. Mas os sindicatos devem continuar na briga pelo aumento real”, resume. Nas previsões do mercado, o Produto Interno Bruto (PIB) avançará entre 3,2% e 3,9% neste ano, sendo que um dos pilares será o setor de serviços. Bancários, metalúrgicos, professores, rodoviários e petroleiros já se organizam para lançar campanhas salariais duras. Na lista de prioridades estão, entre outras coisas, reposições acima da inflação no contracheque, atualizações no valor dos principais benefícios e aumento na participação nos lucros das companhias.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) admite certa tensão durante as negociações diante das mudanças do cenário macroeconômico. O diretor de Relações do Trabalho da entidade, Magnus Ribas Apostólico, afirma que, embora seja cedo para excluir as possibilidades de aumento real, a tendência é que os reajustes ocorram em ritmo menor que os observados nos últimos seis anos. “Nossa negociação ocorre apenas em agosto e setembro e, agora, estamos observando o mercado. Como teremos crescimento econômico menor, os acordos devem girar em torno da inflação”, destaca.

CarênciaEnquanto a maioria dos trabalhadores enfrentará obstáculos para conseguir ganhos reais de salário, profissionais qualificados continuam em alta no mercado. Com isso, para conseguir oferecer serviços ou produtos de qualidade, as empresas têm apenas duas saídas: treinar o trabalhador ou pagar mais para tirá-lo da concorrência. “Esse é outro dado da conjuntura. Falta mão de obra em alguns setores”, explica Silvestre Prado, do Dieese.

Entre os setores mais carentes, destacam-se construção civil e tecnologia da informação. Além disso, ressalta o especialista, mesmo que haja um desaquecimento da economia neste ano, em 2012 o cenário tem tudo para ser promissor. “No próximo ano, o salário mínimo deve aumentar entre 13% e 14%, o que terá um possível impacto positivo nas negociações”, reforça Prado. Em 2010, o Brasil criou 2,5 milhões de empregos formais, conforme dados oficiais do Ministério do Trabalho, um recorde. Em janeiro passado, a taxa de desocupação chegou a 6,1% em janeiro, considerada por especialistas o patamar mais próximo do pleno emprego.