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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

AINDA SOBRE A SELIC

Para a CNI, "o BC priorizou a sustentação da atividade econômica num momento de menor ímpeto da inflação". "Na visão da CNI, a redução de 0,50 ponto porcentual indica que o Banco Central iniciou um novo ciclo de flexibilização monetária, cuja magnitude irá depender dos desdobramentos da crise e de suas implicações na economia do país", diz o comunicado divulgado pela entidade.
A CNI destaca ainda que essa mudança na política monetária acontece ao mesmo tempo em que há disposição de uso mais intenso da política fiscal. "A recente elevação da meta de superávit primário indica, na ótica da CNI, que o excesso temporário de arrecadação sobre o previsto não será aplicado na elevação dos gastos públicos. Considera essa disposição uma mudança importante na política fiscal, que, na eclosão da crise, foi expansionista", continua a nota.
Essa nova postura no equilíbrio da utilização das políticas monetária e fiscal é uma necessidade, segundo a CNI, "pois torna possíveis reduzir os juros e manter a estabilidade econômica". Para a entidade, "esse novo mix de política é absolutamente necessário, mas exige maior esforço no controle dos gastos".
ACSP
Para o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Rogério Amato, o Copom mostrou estar atento ao movimento de desaceleração da indústria nacional ao reduzir a taxa básica de juros. A entidade ressaltou ainda que espera que a autoridade monetária utilize também outros instrumentos para evitar um aprofundamento da desaceleração do ritmo de vários setores da economia nacional.
"A decisão do Copom mostra que o Banco Central está atento não apenas aos possíveis impactos negativos da crise internacional sobre a economia brasileira, como, também, em relação aos sinais de desaceleração muito rápida da produção industrial", afirmou. "Nós esperamos que o Banco Central utilize também outros instrumentos para evitar que a desaceleração observada nos vários setores se aprofunde", acrescentou.
Força Sindical
Já para o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, o corte na Selic foi "extremamente tímido" e "insuficiente". Na avaliação dele, a autoridade monetária acertou no "remédio", mas errou na "dose". "Com a medida, o governo federal aplica um antídoto contra o crescimento econômico", considerou, por meio de nota. "Infelizmente, está prevalecendo uma maléfica simpatia da equipe econômica pelo mercado especulativo", acrescentou.
O presidente afirmou também que a entidade entende que há espaço para uma redução "mais drástica" da taxa básica de juros, principalmente em face do ajuste fiscal anunciado nesta semana pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Vale sublinhar que o atual governo federal já subiu, em apenas seis meses, cinco vezes a taxa básica de juros, criando um cenário extremamente adverso à produção e à geração de emprego e renda", criticou. Ele garantiu ainda que a Força Sindical continuará a realizar protestos, uma vez que, segundo ela, diante das incertezas econômicas mundiais, o Banco Central continua atuando na contramão da produção.
"Mais uma vez o Banco Central, mostrando-se surdo aos apelos da classe trabalhadora, frustra os nossos anseios por uma sociedade mais justa e igualitária", conclui.

DILMA E A SELIC


BRASÍLIA - O Palácio do Planalto agiu diretamente para o Copom reduzir a Taxa Selic a 12% ao ano. Segundo interlocutores, a presidente Dilma Rousseff foi alertada de que não seria uma decisão unânime. Mas deixou claro sua posição favorável a uma redução imediata dos juros. A postura do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, foi elogiada.
Como antecipou O GLOBO na sexta-feira, o Planalto havia feito pressão interna pela redução dos juros. Internamente, a avaliação era de que o BC deveria ser ousado neste momento de cenário de recessão mundial. O movimento já era apoiado pelas principais autoridades da área econômica e por economistas com influência no Planalto, mas surpreendeu o mercado.
O aumento do superávit primário em R$ 10 bilhões era visto por ministros como forma explícita de pressão para a redução imediata dos juros. Na viagem que fez a Pernambuco terça-feira, Dilma confidenciou que o Brasil não poderia repetir o erro de 2008, quando o BC demorou três reuniões para baixar a Selic.