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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

NOVO GOVERNO E POLÍTICA FISCAL

Novo governo no Brasil deve antecipar sua política fiscal, diz Banco Mundial


O Banco Mundial (Bird) recomendou nesta quarta-feira, 6, que o presidente a ser eleito no Brasil em 31 de outubro antecipe o mais rápido possível o anúncio da política fiscal que deverá prevalecer em sua administração. Indicou ainda que seria prudente ao País impedir que o crescimento dos gastos públicos correntes supere o aumento do Produto Interno Bruto (PIB). 'Wall Street e todos os demais centros financeiros do mundo estão esperando o anúncio do novo governo sobre a política fiscal', afirmou Álvaro de La Torre, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina.

Segundo De La Torre, outra questão desafiadora para o novo governo brasileiro, no âmbito econômico, será desenvolver um mercado de crédito de longo prazo, ao mesmo tempo em que se fará necessário estender os limites de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para que a instituição possa apoiar as obras de infraestrutura planejadas. Ambas as medidas foram recomendadas por De La Torre como essenciais ao ambiente econômico observado no Brasil, onde os altos fluxos de capital estrangeiro geram uma acentuada apreciação cambial, e a política monetária mantém margens limitadas de ação, em função dos riscos inflacionários.

Nova crise

O Bird alertou que o acentuado fluxo de capitais para as economias em desenvolvimento, sobretudo da América Latina, gera risco de uma nova crise financeira em cinco anos. Torre sugeriu que o risco de formação de bolhas de ativos, em função desse alto fluxo de capitais, terá de ser mitigado por meio de medidas macroprudenciais. No caso da Argentina, cautelosamente recomendou a adoção de um programa de metas inflacionárias.

Na avaliação do Banco Mundial, manifestada no documento 'A Nova Face da América Latina', a economia mundial se vê diante de um impasse que somente poderá ser diluído por meio de coordenação multilateral. Conforme alertou, a omissão poderá dar lugar a medidas unilaterais de comércio - desde a desvalorização cambial a barreiras - e controles de capitais, cujos danos se estenderão a outras economias do globo.

No atual cenário, os países desenvolvidos se mostram ainda reféns de baixo crescimento econômico e de efeitos da crise de 2008, com taxas de juros reduzidas e inflação baixa. O mundo em desenvolvimento se vê afetado pelo aumento da inflação, resultante do consumo em expansão. Embora cresça, essa parte do globo tem de manter taxas de juros mais elevadas, que aumentam a atração de investidores a seus ativos e a inevitável apreciação de suas moedas. 'O que interessa a um país ou região não interessa a outro', afirmou.

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