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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

INDÍCIOS DE BOLHA DE CRÉDITO? SERÁ?

Se as pessoas lessem sobre dinheiro como leem sobre futebol, o Brasil seria a maior potência do universo. Com essa frase, Antonio de Julio, consultor em finanças pessoais da Moneyfit, inicia sempre suas palestras, para alertar que o volume atual de débito entre os brasileiros indica o início de uma “bolha de crédito”, causada pelo acúmulo de dívidas anteriores. O sinal de alerta já foi ligado. A maioria da população esquece que o país tem uma das piores taxas básicas de juros do planeta, de 10,75% ao ano. Quando acrescida dos ganhos dos bancos e dos tributos sobre a intermediação financeira, os encargos sobem muito, chegando a 14% no cartão de crédito, por exemplo.

Empolgadas com as supostas “facilidades” de crédito dos últimos anos, as pessoas estão perdendo a noção do valor do dinheiro e passaram a comprar bens sem calcular juros e custos com manutenção, impostos e seguros. Segundo Julio, o estouro costuma ocorrer em janeiro, quando o consumidor que não calculou seus gastos toma pé da realidade e descobre que não terá como arcar com presentes de Natal, tributos, fantasia do carnaval, matrícula, uniforme e livros escolares e ainda manter o carro zero, recentemente adquirido com desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

A falta de percepção é refletida na alta dos preços e na demanda desenfreada por bens que não valem a metade do valor de face, assinalou o consultor. Em São Paulo, uma cobertura chega a R$ 25 milhões. “Com esse dinheiro, compro um castelo na França e ainda ganho uma vinícola. Nenhum imóvel aqui poderia custar mais que outros muito melhores em países desenvolvidos”, ironizou. O mercado imobiliário é um dos principais exemplos da bolha em formação.

Na avaliação do consultor, os bancos incitam a inadimplência ao oferecerem ganhos de apenas 0,5% nos investimentos de baixo risco e, ao mesmo tempo, cobrarem mais de 10% mensais no cheque especial. “O sistema financeiro é um monstro que se autoalimenta. Quando as pessoas não conseguem pagar, o nível de inadimplência sobe e aí as instituições financeiras tentam provar que, por isso, não poderão reduzir os juros”, salientou. Ele cita exemplos de pessoas que ganham até R$ 15 mil e vivem situações de aperto porque gastam além.

Um comentário:

Cícero Romão disse...

A bolha financeira americana, deve servir de alerta e aprendizado para países emergentes, como é o caso do Brasil. O acesso ao crédito fácil é um forte indício para que esta bolha se instale na economia nacional, resta ao estado nacional, cuidar deste paciente antes que seja tarde.